sábado, 2 de agosto de 2014

O princípio da perfeição



O princípio da perfeição

Prof. Izaias Resplandes

 
A sabedoria popular nos diz que “errar é humano”. Mas não gostamos de assumir essa condição de que somos falíveis, de que somos imperfeitos e de que podemos errar.  Às vezes, nós até reconhecemos que os outros podem errar, mas não admitimos, naturalmente, que essa possibilidade também se aplique a nós, individualmente.

Em relação à perfeição, a Bíblia diz que Deus é perfeito. E, através do apóstolo Paulo, o Senhor determina que sejamos perfeitos também.  Mas o próprio apóstolo Paulo reconhece em sua carta aos Filipenses, que ele ainda não alcançara a perfeição. Isso, todavia, não significava que ele, então, desistia do seu propósito de ser perfeito.  Não! Ele tão somente reconhecia que não se consegue a perfeição da noite para o dia. Na verdade, essa é uma missão para a vida inteira. É possível que somente sejamos perfeitos quando estivermos na presença do senhor, porque aí veremos aquele que realmente é perfeito diante de nossa face e teremos um modelo que não deixará dúvidas. Enquanto isso... Vamos prosseguindo como fez Paulo.  Diz ele: "esquecendo-me das coisas que para trás ficam, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus".


Uma das razões porque a perfeição é tão difícil de ser alcançada por nós, é decorrente da maneira pela qual nós, costumeiramente, fazemos as coisas. Nós somos homens. Somos frutos de uma geração má, ainda que nas origens, descendemos de um que foi criado à semelhança de Deus, o homem Adão.
 

Antes de tudo nós só pensamos em nós. Somos egoístas. Nossa vida gira em torno de nosso próprio umbigo. E esse é o problema. Essa nunca foi a lição de Deus. É de ver que Deus, ao criar o homem, não fez opção pela carreira a solo.  Ele optou pela parceria da Santíssima Trindade. A mensagem do Gênesis é clara ao registrar as palavras de Deus da seguinte forma: "façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gn 1:26). Façamos! Façamos! E Deus fez assim, porque no cerne de toda a sua obra sempre esteve presente a intenção de nos legar um exemplo de como fazer as coisas de forma correta. Ele queria que nós fôssemos perfeitos. E é dessa forma que age um pai. A título de exemplo, quero dizer que ainda está bem presente em minha memória, as palavras de meu pai Marcelino, a esse respeito. Sempre que eu fazia alguma coisa errada, ele me perguntava: “Izaias, que dia você viu seu pai fazer as coisas desse jeito?” E eu tinha que me calar, porque eu realmente nunca tinha visto ele fazer aquilo do jeito que eu tinha feito. E aqui poderemos observar a presença de outro princípio correlacionado com o nosso tema, que é o princípio da observação.


Aquele que busca a perfeição deve ter olhos capazes de ver e não apenas olhos que filmam a cena sem conseguir compreender nada do que mostra. Ver... É preciso ter olhos capazes de ver, na verdadeira acepção dessa palavra. É preciso ver com entendimento, observando atentamente o padrão estabelecido, para depois imitar.


O apóstolo Paulo escreveu: “sede meus imitadores, porque eu sou de Deus”. O bom discípulo observa o seu mestre e imita o seu modo de fazer. É de ver que Jesus lavou os pés de seus discípulos. Por que ele fez isso? Fez para nos deixar um exemplo de como fazer as coisas. Ele não tinha o mero interesse de tirar a sujeira dos pés, propriamente dita. O que ele queria era apenas dizer com ações e não apenas com palavras, que os seus discípulos deveriam fazer como ele, que fossem humildes e que procurassem, antes de tudo, servir e fazer pelos outros, ao invés de usar o poder que lhes era concedido, apenas em seus próprios benefícios.


 Aquele que deseja a perfeição deve considerar os outros superiores a si mesmo. A bíblia diz para que não queiramos muitos de nós ser mestres, por que haverá muito mais rigor para os mestres do que para os demais.  É muito melhor ser discípulo do que ser mestre. Não que o discípulo não tenha responsabilidade no que faz, pois, na verdade, cada um dará conta de si mesmo diante de Deus.  Se errarmos, sofreremos as conseqüências de nossos erros. Mas sim, porque aquele que ensinar errado também será castigado por esse erro. É por isso que dizemos que é melhor aprender do que ensinar, ser discípulo do que ser mestre, ser servo do que ser senhor.

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